As plantas são incrivelmente diversas, e os botânicos também! Em sua missão de espalhar histórias fascinantes sobre o mundo das plantas, a Botany One também apresenta os cientistas por trás dessas grandes histórias.
Hoje nós temos Dr. Seheno Andriantsaralaza, botânica e bióloga da conservação com foco em interações planta-animal e mecanismos de dispersão de sementes. Durante seu doutorado, Andriantsaralaza investigou a ecologia da dispersão de sementes de baobás malgaxes e suas interações com animais dispersores de sementes. Atualmente, ela é Diretora de Operações da Fanamby, uma organização conservacionista malgaxe. Nesse cargo, ela combina pesquisa científica com esforços de conservação, gerenciando áreas protegidas, como a Avenida dos Baobás, no oeste de Madagascar, onde essas árvores são vitais para a saúde do ecossistema e para as comunidades locais.

O que fez você se interessar por plantas?
Embora eu aprecie as plantas como organismos, sou mais fascinado pelos ecossistemas naturais e pelas complexas interações que eles envolvem. Sou motivado a entender como diferentes espécies se conectam e se influenciam para criar ecossistemas funcionais. As plantas despertaram meu interesse especificamente por servirem como elementos fundamentais nessas redes ecológicas. Particularmente com os baobás em Madagascar, descobri como essas árvores carismáticas funcionam como âncoras ecológicas — fornecendo alimento, habitat e recursos que sustentam diversas comunidades de vida selvagem, ao mesmo tempo em que dependem dos animais para sua própria reprodução por meio da dispersão de sementes.
O que o motivou a seguir sua atual área de pesquisa?
O que me motiva a prosseguir com minha pesquisa é descobrir essas dependências mútuas entre plantas e animais. A relação entre baobás e seus dispersores de sementes ilustra perfeitamente as conexões intrincadas que me fascinam — quando você entende uma planta, está, na verdade, entendendo toda uma teia de relações ecológicas. Essa perspectiva sistêmica impulsiona tanto minha curiosidade científica quanto meu trabalho de conservação na Fanamby.

Qual é a sua parte favorita do seu trabalho relacionada às plantas?
Meu aspecto favorito ao trabalhar com plantas é observar sua fenologia e as interações com animais ao longo de diferentes períodos.
Há alguma planta ou espécie específica que intrigou ou inspirou sua pesquisa? Se sim, quais são e por quê?
Os baobás são minhas plantas favoritas e inspiraram muito minha pesquisa. Sou fascinado pela capacidade deles de se manterem eretos por períodos tão longos — alguns dos baobás mais antigos têm mais de 1,300 anos. Eles sobreviveram às mudanças climáticas, aos incêndios e ao desmatamento, e essa resiliência me inspira.

Você poderia compartilhar uma experiência ou anedota de seu trabalho que marcou sua carreira e reafirmou seu fascínio pelas plantas?
Visitei o Parque Nacional de Tsimanampesotse, no sul de Madagascar, onde vi o baobá mais velho pela primeira vez, conhecido como "avó". Ao redor do baobá, havia apenas pedras. Quando toquei o tronco, senti uma profunda conexão emocional; era como se o baobá estivesse compartilhando sua história de resistência, destacando como os ecossistemas mudaram devido à seca e às mudanças climáticas, e ainda assim ele continua a sobreviver apesar desses desafios. Sei que isso pode soar sentimental demais, mas essa experiência reafirmou minha paixão pelo estudo dos baobás, em particular sua conservação.
Que conselho você daria aos jovens cientistas que estão considerando uma carreira em biologia vegetal?
Todo estudo e pesquisa vêm acompanhados de paixão e propósito. Encontre sua paixão e nunca deixe ninguém lhe dizer que você não pode seguir uma carreira que o entusiasme. Lembre-se de "nunca desistir", pois você enfrentará muitos desafios ao longo do caminho. Mas, assim como as plantas, você desenvolverá a resiliência necessária para prosseguir com sua pesquisa, descobrir coisas novas e se adaptar, transformando desafios em oportunidades.
O que as pessoas geralmente erram sobre as plantas?
Muitas pessoas acreditam que estudar plantas é fácil porque elas não se movem como os animais. No entanto, isso é um equívoco. O fato de as plantas serem estacionárias pode complicar o estudo delas. As observações feitas em uma árvore em uma floresta podem variar ao longo do tempo. Portanto, é crucial ter um olhar atento para garantir que todas as observações relevantes sejam coletadas durante o mesmo período.


Carlos A. Ordóñez-Parra
Carlos (ele/dele) é um ecologista de sementes colombiano atualmente fazendo seu doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte, Brasil) e trabalhando como editor científico na Botany One e como oficial de comunicações na International Society for Seed Science. Você pode segui-lo no BlueSky em @caordonezparra.
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