Tradução automática, exceto quando creditada.

Uma planta sul-africana única reúne fogo, abelhas e formigas em uma estratégia inteligente para garantir sua sobrevivência e reprodução.


A reprodução das plantas normalmente envolve relacionamentos próximos com animais que as auxiliam, seja auxiliando na polinização ou na dispersão de sementes. Por exemplo, durante a primavera, podemos ver um novo florescimento de flores sendo visitado por vários tipos de insetos e outros polinizadores. Essas flores, uma vez polinizadas, se desenvolverão em frutos que podem ser dispersos por diferentes animais, como pássaros e pequenos mamíferos. No entanto, e se eu dissesse que algumas plantas evoluíram com uma abordagem menos convencional, porém drástica? Você acreditaria se eu dissesse que essa abordagem envolve fogo e um conjunto muito específico de dispersores?

Esta é a história de Apodolirion buchananii, uma planta do leste da África do Sul e Eswatini que produz flores sem néctar, porém brilhantes e perfumadas, logo após incêndios naturais, mesmo antes de a planta ter tempo de produzir folhas novamente. Ao contrário da maioria das plantas com as quais estamos familiarizados, os ovários dessa espécie — as estruturas que se desenvolvem em frutos após a polinização — são subterrâneos, o que significa que o fruto permanece no subsolo por seis meses até atingir a maturidade. Por mais surpreendente que isso possa parecer, apesar dessas características fascinantes, a ecologia da polinização e da dispersão de sementes da planta permanece envolta em mistério. Por exemplo, estudos e observações anteriores de espécies intimamente relacionadas têm sido repletos de incertezas e contradições, deixando-nos com mais perguntas do que respostas.

Em um estudo publicado no American Journal of BotanyOs pesquisadores Ian Kiepiel e Steven D. Johnson monitoraram populações naturais em duas reservas naturais na África do Sul para observar as flores e seus polinizadores ao longo de várias semanas, registrando os tipos de insetos que as visitavam. Os autores também analisaram as características visuais das flores e os compostos presentes na fragrância de suas flores, frutos e sementes. Em seguida, conduziram experimentos de campo com armadilhas odoríferas para avaliar o papel desses compostos odoríferos na atração de polinizadores e dispersores. Além disso, utilizaram armadilhas fotográficas para identificar os animais responsáveis ​​pela dispersão de sementes.

As flores de Apodolirion buchananii podem não ter néctar, mas o estudo de Kiepel e Johnson mostra que seu forte aroma foi suficiente para atrair mais de 107 insetos durante a observação, com mais de 70% das visitas sendo de diversas espécies de abelhas. As abelhas demonstraram ser polinizadoras altamente eficazes, pois carregavam muito mais pólen do que outros insetos, como moscas ou borboletas. Essas observações foram consistentes com a análise de aromas dos autores, já que cerca de metade do aroma das flores é composto por fenilacetaldeído, um composto aromático conhecido por ser um excelente atrativo para abelhas — algo que também foi confirmado com as armadilhas de aromas colocadas em campo pelos pesquisadores.

Biologia reprodutiva de Apodolirion buchananiiA) Surgimento das flores. BG) Abelhas visitando as flores. H) Fruto maduro após emergir do solo. I) Fruto aberto com sementes expostas. J) Fruto aberto após as sementes terem sido dispersadas. K) Espécies de formigas tentando remover sementes do fruto. L) Mudas. M) Formigas transportando sementes para seus ninhos. Figura de Kiepel e Johnson (2024).

No que diz respeito à dispersão de sementes, os autores ficaram surpresos ao descobrir que as formigas eram os principais dispersores de Apodolirion buchananii sementes. Curiosamente, as formigas foram particularmente atraídas pelas sementes logo após o amadurecimento dos frutos, provavelmente porque o aroma imita o produzido pelas larvas, sugerindo que as formigas, em vez de agirem altruisticamente, coletam ativamente essas sementes, pensando estarem resgatando suas larvas.

No geral, este estudo fascinante nos deixa com uma perspectiva detalhada sobre Apodolirion buchananiiecologia reprodutiva, esclarecendo várias dúvidas de longa data ao longo do caminho. Além disso, a pesquisa mostra a importância do timing na reprodução desta planta. Por um lado, produzir flores brilhantes após um incêndio dá a esta planta a oportunidade de se destacar em uma paisagem desolada e garantir a visita de várias abelhas atraídas por seu forte aroma. Isso é notavelmente importante, considerando que os autores observaram que essas plantas são autoincompatíveis, o que significa que dependem da troca de pólen entre flores para produzir frutos. Por outro lado, manter seus frutos no subsolo até que estejam maduros garante que permaneçam protegidos até que as sementes estejam maduras o suficiente para serem dispersas. Como resultado, esta pesquisa não apenas lança luz sobre o ciclo de vida de uma planta única, mas também abre novas portas para a compreensão de como o fogo, as abelhas e as formigas trabalham juntos no mundo natural, especialmente em ecossistemas propensos ao fogo. Talvez esses ecossistemas ainda abriguem dinâmicas únicas entre plantas e animais que ainda não podemos imaginar.

LEIA O ARTIGO:

Kiepiel, I. e Johnson, SD, 2024. Polinização de abelhas mediada por aroma e mirmecocoria em um geófito enigmático com floração pirogênica e desenvolvimento subterrâneo de frutos carnosos. American Journal of Botany111(11), pág.e16421. https://doi.org/10.1002/ajb2.16421

Victor HD Silva

Victor HD Silva é um biólogo apaixonado pelos processos que moldam as interações entre plantas e polinizadores. Ele está atualmente focado em entender como as interações planta-polinizador são influenciadas pela urbanização e como tornar as áreas verdes urbanas mais amigáveis ​​aos polinizadores. Para mais informações, siga-o no ResearchGate como Victor HD Silva.

Tradução para o português por Victor HD Silva.

Foto de capa: Apodolirion buchananii na África do Sul. Foto de Jimmy Whatmore (Wikimedia Commons).


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