Plantas invasoras representam sérias ameaças ambientais, econômicas e sociais aos ecossistemas em todo o mundo. Introduzidas fora de sua área natural, essas espécies competem com a vegetação nativa por recursos como água, luz e nutrientes, levando à instabilidade do ecossistema e à degradação do habitat. Embora as características físicas e ecológicas das espécies invasoras sejam amplamente estudadas, um aspecto menos explorado é seu efeito nas interações ecológicas fundamentais, como a polinização, e como os polinizadores percebem uma paisagem composta de espécies nativas e invasoras por meio da sinalização visual das cores das flores.
Para colmatar esta lacuna, uma equipa de investigadores franceses e brasileiros analisou quatro espécies de plantas invasoras amplamente distribuídas e bem-sucedidas no Pirenéus Franceses: Buddleja Davidii, Reynoutria japonica, Spiraea japonica e Impatiens glandulifera. Usando um modelo baseado na visão das abelhas – que é sensível aos comprimentos de onda ultravioleta, azul e verde – eles compararam como as abelhas percebiam essas plantas invasoras e as espécies nativas ao redor. Considerando que os sinais visuais são importantes para a detecção e reconhecimento de flores por polinizadores, o objetivo era entender como essas cores ajudam as plantas invasoras a atrair polinizadores e garantir seu sucesso na competição com plantas nativas.

O estudo mostrou que as plantas invasoras usam diferentes estratégias visuais para atrair as abelhas. Espécies invasoras como Buddleja Davidii, Reynoutria japonica e Spiraea japonica exibem cores que são visualmente semelhantes às plantas nativas. Essa estratégia permite que essas espécies invasoras se beneficiem da generalização de cores e atraiam polinizadores à distância. Quando as abelhas visitam uma flor nativa, elas podem facilmente ir até uma invasora sem perceber a diferença. Essa estratégia de “camuflagem” pode ser vantajosa, pois as espécies invasoras podem atrair polinizadores já familiarizados com as plantas locais.
Em contraste, as flores rosa e violeta de Impatiens glandulifera usam uma estratégia diferente: elas se destacam com cores altamente perceptíveis que são facilmente notadas pelas abelhas. Isso faz com que as abelhas detectem essas flores de longe e aprendam rapidamente a associá-las néctar. Como resultado, essas plantas atraem mais abelhas do que as flores nativas ao redor, favorecendo sua polinização.
Com essas descobertas, os autores fornecem insights relevantes sobre as razões por trás do sucesso das plantas invasoras. Um dos principais pontos levantados é que as invasões de plantas não são apenas sobre competir por espaço e recursos com espécies nativas; essas plantas também competem por polinizadores locais, o que é crucial para garantir sua reprodução. Embora o sucesso dessas plantas não seja tipicamente investigado desse ponto de vista, é essencial olhar para suas características através dos olhos dos polinizadores, que percebem e respondem aos sinais das flores. Estudar plantas invasoras dessa perspectiva pode ajudar a descobrir novas informações sobre como essas espécies se espalham e até mesmo ajudar a criar estratégias de conservação que protejam as plantas nativas.
LEIA O ARTIGO:
Dessart, M., Aguiar, J.M.R.B.V., Tabacchi, E., Guillerme, S. and Giurfa, M., 2024. Color-advertising strategies of invasive plants through the bee eye. Frontiers in Plant Science, 15, p.1393204. https://doi.org/10.3389/fpls.2024.1393204

Ana Carolina S. Oliveira é uma bióloga de polinização fascinada por entender a escolha dos polinizadores através dos sinais visuais das flores, especialmente como as abelhas interpretam o universo das cores florais. Atualmente, em seu doutorado, ela tenta entender como a cor floral modula a reprodução e estruturação de comunidades de flores de óleo e a preferência das abelhas neste contexto.
Tradução portuguesa de Ana Carolina S. Oliveira. Imagem apresentada por Shizhao (Wikicommons).
O papel das cores nas flores nas plantas envahissantes e sua concorrência para o pólen - Vent d'Autan
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