O grande programa científico da XX Congresso Internacional de Botânica (IBC2024) também incluiu alguns simpósios dedicados à relação entre Plantas e Sociedade.
Na primeira sessão de “DEIXE A GENTE VIR PARA A BOTÂNICA”, Glaucia Silva – uma jovem botânica do Brasil – fez o auditório tremer com sua formidável conversa "O Método Taylor Swift: videoclipes como organizadores avançados para aprendizagem significativa em Botânica”.
Conhecemos Glaucia em A Annals of Botany estande para saber mais sobre seu entusiasmo por plantas e falar sobre sua estratégia inovadora para despertar o interesse em Botânica. Ela confessou que sempre foi apaixonada por plantas, mas logo percebeu que era a única aluna de graduação em seu curso de biologia supermotivada em ciência vegetal… a maioria de seus colegas parecia não gostar de Botânica! Mas o que há por trás desse “ódio”?
Gláucia pensa isso não é realmente ódio... estudantes de ciências geralmente reclamam sobre dificuldades em aprender taxonomia vegetal e entender sistemática vegetal: de fato, é muito difícil lembrar a nomenclatura complexa do mundo vegetal (e lembrar os nomes de quase meio milhão de espécies que vivem no planeta Terra) e desvendar as relações intrincadas entre centenas de famílias de plantas.
É também uma questão de “Desigualdade de conscientização sobre plantas”: apesar das plantas desempenharem um papel fundamental para nossas vidas, a sociedade falha em notá-las ao nosso redor e em reconhecer sua relevância para a biosfera. Essa cegueira vegetal também pode estar relacionada a uma falta geral de conexão entre humanos e plantas, bem como à pouca disponibilidade de recursos de ensino atrativos em todos os estágios educacionais – da escola primária à academia.
Por que as pessoas não veem as plantas?
“Por exemplo, as crianças geralmente querem um animal de estimação, não uma planta, para cuidar. A sociedade gosta de animais, pois eles são mais carismáticos do que as plantas, eles interagem conosco e a distância é menor. Na escola, recebemos ensino em zoologia e fisiologia humana, mas muito menos em botânica. Aqueles professores que não estão interessados em plantas espalhariam a falta de entusiasmo para aqueles alunos que se tornarão profissionais de ciências não motivados por botânica”.
Glaucia acrescentou que lidar com a conscientização sobre plantas é uma missão complexa que envolve a escola, a sociedade e a academia em um círculo. Ela acredita que todos nós devemos repensar a educação para quebrar esse círculo vicioso.
Conte-nos mais sobre sua experiência como professora de Botânica
“Durante meu estágio, tive a tarefa de pensar em novos métodos para ensinar biologia vegetal a 2nd alunos do ensino médio (14-16 anos)th anos) de uma forma mais envolvente”.
Tempos difíceis: durante a pandemia da COVID-19, os alunos estavam cansados e se sentiam sobrecarregados pela situação. O desafio era criar uma estratégia para tornar as aulas online mais divertidas. Naquela época, Taylor Swift lançou seu novo álbum “Folclore” e Glaucia percebeu que suas músicas tinham muitas referências ao mundo vegetal tanto nas letras quanto nos vídeos. Ela teve a ideia brilhante: usar a música de Taylor Swift para introduzir o curso de Botânica.
Dentre mais de 50 vídeos, ela escolheu um para cada um dos 4 tópicos do programa. Uma semana antes de cada aula, ela enviava os links do YouTube para os alunos: o dever de casa consistia em assistir a um videoclipe de 5', observar elementos naturais e fazer anotações sobre referências botânicas – a serem discutidas na primeira parte da aula remota.
MÉTODO TAYLOR SWIFT APLICADO À CIÊNCIA DAS PLANTAS
VÍDEO 1: Espaço em branco (Álbum: 1989)
Na aula introdutória, os alunos comentaram sobre a roupa e o penteado de Taylor, o cara, os animais... mas eles não notaram o lindo local verde do vídeo! Durante a discussão, os alunos perceberam que a CEGUEIRA DAS PLANTAS era real!
Tópico 1: Desigualdade de conscientização sobre as plantas e suas consequências
VÍDEO 2: Cardigan (Álbum: Folclore)
No segundo vídeo, Taylor toca um piano completamente coberto por musgo (e água fluindo dele) em uma floresta úmida… o exemplo perfeito para introduzir plantas terrestres simples que crescem bem em um ambiente úmido e se reproduzem liberando esporos. Durante a discussão, Glaucia percebeu que os alunos começaram a prestar mais atenção às plantas.
Tópico 2: Briófitas e pteridófitas
VÍDEO 3: Fora da floresta (Álbum: 1989)
O terceiro vídeo começa com Taylor cantando em uma praia onde uma floresta está crescendo muito rápido. A vegetação densa compreende árvores altas com troncos enormes e lianas estendidas. Este cenário foi ideal para discutir estratégias de sobrevivência na floresta, como escalar (com caules enrolados em árvores e galhos) e esticar-se para vencer a competição pela captura de luz. Os alunos também notaram que algo estava faltando: neste vídeo, as plantas não têm flores e frutos... então eles estavam aprendendo a ver a natureza por trás de humanos e animais! Os alunos ficaram mais confiantes com o mundo das plantas e pediram mais vídeos...
Tópico 3: Gimnospermas (plantas com sementes)
VÍDEO 4: Willow (Álbum: 1989)
No quarto vídeo, Taylor sai de um salgueiro-chorão cercado por um canteiro de flores perto de um rio. Este local serviu para introduzir plantas floridas, com sua complexa estratégia de reprodução sexual, seus diferentes hábitos de crescimento e comportamentos peculiares. Por exemplo, Salix babylonica prefere locais úmidos e sua copa tem formato de guarda-chuva caído, com galhos que se movem em dias de vento.
Os alunos também estavam aprendendo a descrever a natureza usando a terminologia botânica correta.
Tópico 4: Angiospermas (plantas com flores)
Ao final do curso, Glaucia ficou super feliz com os resultados: os alunos do Ensino Médio não só se divertiram e ficaram mais interessados pela Botânica, como aprenderam a identificar categorias de plantas (e até características ecológicas) e a falar sobre espécies botânicas em termos científicos.
Com base em sua experiência, ela acredita que a arte (nesse caso, a música) pode ser uma ótima ferramenta para alcançar um aprendizado significativo em botânica.
Ela não esperava o grande sucesso do método Taylor Swift na IBC2024… quando ela apresentou sua palestra, o auditório estava lotado e o público entusiasmado! Estamos confiantes de que vários professores de ciências ao redor do mundo ficarão inspirados e dispostos a tentar esse método para chamar a atenção de seus alunos.
Qual é o próximo?

Glaucia é atualmente uma 2nd Doutoranda do 1º ano na Universidade Federal do Rio Grande do Norte em Natal (Brasil), onde estuda a taxonomia e o estado de conservação da Passiflora gênero – que compreende 500 espécies espalhadas principalmente na América do Sul e Central. Glaucia, Boa sorte com sua aventura acadêmica!
Imagem da capa por makaiyla willis/Wikimedia Commons.
Enseigner la Botanique: o método Taylor Swift aplicado às plantas - Vent d'Autan
meses 5 atrás[…] voici la source pour plus […]
Shyam S. Phartyal
meses 5 atrásAdorei a excelente ideia dela de lutar contra a cegueira vegetal e ensinar ciência vegetal com aprendizado divertido! Obrigada, Glaucia, por inspirar a todos nós.
Comentários estão fechados.