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Botany One entrevista a Dra. Daniela Boanares para o Dia do Fascínio pelas Plantas e saiba mais sobre sua busca para desvendar os mecanismos por trás da absorção foliar de água em ecossistemas megadiversos.


Com Dia do Fascínio das Plantas se aproximando, o Botany One preparou uma série de entrevistas com pesquisadores de todo o mundo que trabalham em diferentes áreas da botânica para compartilhar as histórias e a inspiração por trás de suas carreiras.

Hoje nós temos Dra Daniela Boanares, orgulhosa cientista negra que trabalha como Pós-Doutora na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com apoio do Instituto Serrapilheira. O Dr. Boanares está interessado nos mecanismos fisiológicos e ecológicos por trás da absorção foliar de água – o processo em que as plantas absorvem água da atmosfera diretamente das suas folhas. Em 2021, a sua tese de doutoramento nesta área recebeu a máxima distinção da CAPES, Órgão Governamental Brasileiro responsável pela qualidade dos Programas de Pós-Graduação.

Boanares em pastagens arenosas. Foto de Daniela Boanares.

O que fez você se interessar por plantas?

Comecei a me interessar pelas plantas no final da graduação, quando percebi que, apesar de serem organismos sésseis, elas tinham respostas fascinantes aos seus ambientes. Foi neste momento que compreendi verdadeiramente o seu papel crucial na nossa sobrevivência, e precisamos de os compreender se quisermos continuar a prosperar neste planeta. Meu interesse inicial foi a restauração ecológica, seguida pela ecologia e, eventualmente, pela fisiologia vegetal. Durante o mestrado, revisitei o ciclo da água e descobri um ciclo menor envolvendo as plantas: aprendi que as plantas podem absorver água através de suas folhas, fenômeno com enorme papel ecológico, principalmente em ambientes com pouca disponibilidade hídrica. Esta revelação fascinou-me profundamente e levou-me a explorar diversas possibilidades e questões ao longo da minha investigação de mestrado, doutoramento e pós-doutoramento.

O que o motivou a seguir sua atual área de pesquisa?

Para o meu projeto de mestrado pretendia trabalhar na restauração ecológica de áreas degradadas no campo rupestre –um dos ecossistemas mais diversos da Terra e definitivamente o mais bonito que já vi. Porém, por motivos diversos, não conseguimos iniciar este projeto no tempo que queríamos, por isso decidi trabalhar numa área diferente. Lembrei-me do primeiro curso do meu mestrado, onde o Prof. Alessandra Kozovits me deu um artigo sobre absorção foliar de água para apresentar. Então, eu tive o meu eureka momento: pensei no campo rupestre e suas paisagens nebulosas e disse a mim mesmo: “É isso que quero estudar. Isso é o que vai me permitir entender campo rupestre de uma forma mais profunda!”.

campo rupestre vegetação no Brasil. Foto de Daniela Boanares.

Qual é a sua parte favorita do seu trabalho relacionada às plantas?

A parte mais legal do meu trabalho é quando converso com outras pessoas sobre meu trabalho e lhes ensino sobre essa parte bastante negligenciada do ciclo da água. Na escola sempre aprendemos que a água volta ao solo em forma de chuva, mas não aprendemos que as plantas também podem captar água diretamente do ar e levá-la de volta ao solo. A sua expressão entusiasmada e surpreendente quando ouviram falar disto pela primeira vez é simplesmente inestimável, e penso que, como cientistas, estamos a fazer algo de grande quando ensinamos coisas novas às pessoas que nos rodeiam.

Há alguma planta ou espécie específica que intrigou ou inspirou sua pesquisa? Se sim, quais são e por quê?

Em vez de uma única espécie, fiquei fascinado por grupos de plantas. Quando eu ensino outras pessoas sobre campo rupestre, sempre digo que esse ecossistema apresenta uma alta demanda evaporativa, o que significa que a água que eles perdem por causa do calor é colossal, principalmente quando a temperatura do solo pode chegar a 60 °C. Assim, seria de esperar que as plantas destes locais apresentassem características específicas: folhas pequenas, cutículas grossas e estômatos escondidos. Mesmo assim, quando você vai a campo, fica chocado ao ver plantas que se esqueceram de “ler o manual” e apresentam características exatamente opostas! Essas questões ainda me incomodam: como uma planta com folhas finas e grande quantidade de estômatos pode sobreviver em um ambiente tão adverso? Como podem grupos tão diferentes de plantas coexistir em tal lugar?

Boanares no campo rupestre, seu ecossistema favorito. Foto de Daniela Boanares.

Você poderia compartilhar uma experiência ou anedota de seu trabalho que marcou sua carreira e reafirmou seu fascínio pelas plantas?

O momento mais hilário da minha carreira até agora foi durante meu mestrado. Para avaliar a absorção de água, usamos um corante fluorescente chamado “Lúcifer amarelo”que nos permitiu visualizar por onde entra a água. Inesperadamente, funcionou perfeitamente na primeira tentativa, e fizemos diversas imagens lindas. Meu amigo e eu saímos para comemorar isso em um bar e fizemos um brinde dizendo “a Lúcifer!”. Você só pode imaginar a expressão chocada e preocupada ao nosso redor! Felizmente, fomos a um bar de propriedade de uma amiga minha, então ela explicou a todos no bar que não era isso que eles estavam pensando. Ela explicou: “Gente, não, é o marcador dela, ela é bióloga!”.

Que conselho você daria aos jovens cientistas que estão considerando uma carreira em biologia vegetal?

A primeira coisa é: você gosta do que faz? Existe alguma pergunta que te fascina? É importante saber o que te fascina e o que te motiva. Isso torna as coisas menos difíceis porque a ciência não é fácil. As etapas são desafiadoras – um experimento pode não funcionar, há dificuldades naturais e muitas outras surpresas – mas com o tempo as superamos se tivermos o impulso de encontrar respostas. Além disso, é preciso estar aberto e não se levar muito a sério porque a ciência muda muito. Até recentemente, pensávamos que as plantas apenas absorviam água pelas raízes. Hoje sabemos que as folhas também desempenham um papel essencial. Há pouco tempo, acreditávamos que uma cutícula foliar mais espessa conferia maior resistência à absorção de água. Hoje sabemos que isso não é necessariamente verdade. Portanto, precisamos estar abertos para que as coisas sejam diferentes das nossas expectativas.

O que as pessoas geralmente erram sobre as plantas?

Que as plantas são importantes só porque são bonitas e são uma espécie de elemento isolado na paisagem que não interage com nada. Além disso, algumas pessoas –especialmente no Brasil– acreditam que apenas a floresta amazônica é importante. Embora a floresta amazónica seja vital por toda a sua diversidade e pelo seu papel na regulação climática mundial, muitos outros ecossistemas são igualmente importantes e acabam por ser negligenciados. Um exemplo claro é o campo rupestre, que às vezes é ainda mais diversificada que a floresta amazônica e fornece muitos serviços ecossistêmicos. Ainda assim, continua negligenciado e ameaçado de desaparecer devido a a falta de consciência sobre sua importância.

Carlos A. Ordóñez-Parra

Carlos (ele/ele) é um ecologista de sementes colombiano, atualmente fazendo seu doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte, Brasil) e trabalhando como Editor Científico na Botany One e Editor de Mídia Social na Pesquisa em Ciência de Sementes. Você pode segui-lo no X e BlueSky em @caordonezparra.


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